O Psicanalista
Minha história começa marcada por dores que eu não sabia nomear. Cresci atravessando experiências de negligência emocional, traumas e feridas invisíveis que me acompanharam desde a infância. Como muitos, busquei ajuda e encontrei, por vezes, mais feridas. Vivi na pele os impactos de processos terapêuticos desumanizados, de olhares que me reduziam a diagnósticos e métodos que ignoravam aquilo que mais precisava ser visto: a minha alma.
Por anos, tentei organizar o caos que carregava construindo o mundo externo. Me formei arquiteto, mergulhei no design, na estética, na criação de espaços e experiências, como se, de alguma forma, construir o belo lá fora pudesse curar o que estava quebrado por dentro. Mas não foi o suficiente.
Contudo, na arte comecei a transformar dor em sentido. As telas, os objetos, os símbolos e as palavras se tornaram linguagem para processar o que não cabia no discurso racional. E, aos poucos, a própria arte me conduziu para algo ainda mais essencial: compreender que as rachaduras da existência não são erros, são mapas para novos caminhos.
Essa jornada, feita de colapsos, reconstruções, solidões e epifanias, me levou inevitavelmente para o mergulho na psique, na espiritualidade e na alma humana. Estudei profundamente psicanálise, filosofia, tradições espirituais e terapias que não tratam apenas sintomas, mas olham para a história, para as feridas e para o mistério que nos habita. E já se passaram 20 anos desde que iniciei meus estudos nessa área.
Hoje, meu trabalho como psicanalista e terapeuta nasce exatamente desse lugar de quem conhece, na própria carne e na alma, o que significa estar perdido dentro de si. E de quem descobriu que é possível voltar. Integro a escuta clínica, o rigor da psicanálise e a sensibilidade espiritual, para ajudar pessoas a ressignificarem suas dores, reconhecerem suas feridas e reconstruírem suas próprias narrativas de vida.
Acredito que curar-se não é apagar o passado, mas transformar a relação que temos com ele. É reconhecer que cada trauma, cada dor e cada vazio também carrega em si a semente de um caminho de volta: para si, para a alma e para a vida.